Fracassei, e agora?
- guilhermegalveas
- 19 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de out. de 2024
Todo mundo já passou por isso em algum momento da vida: aquele projeto que não deu certo, uma meta que parecia inatingível ou um sonho que não se realizou. Fracassar é uma das experiências mais humanas que existem, mas, quando acontece, pode ser difícil lidar com os sentimentos que surgem. A pergunta que fica é: "Fracassei, e agora?"
Vamos falar um pouco sobre isso, de uma forma mais leve e com um olhar psicanalítico.
O medo de fracassar e suas raízes

Desde cedo, somos ensinados a buscar o sucesso. Isso acontece tanto nas pequenas tarefas do dia a dia quanto nas grandes decisões da vida. Ser elogiado por tirar boas notas na escola, por conseguir um bom emprego ou por alcançar certos marcos faz parte de uma dinâmica que valoriza conquistas. Quando falhamos, o impacto pode ser grande, pois toca em feridas mais profundas: o medo de não sermos suficientes, de não sermos amados ou de decepcionar as pessoas ao nosso redor.
Na abordagem psicanalítica, o fracasso pode estar relacionado com as expectativas internas e externas que carregamos desde a infância. Muitas vezes, essas expectativas nem são realmente nossas. Elas podem ter sido internalizadas a partir dos desejos dos nossos pais, da sociedade ou de outras figuras de autoridade. Por isso, quando fracassamos, não é apenas a sensação de ter falhado em algo prático – é como se tivéssemos falhado em ser quem deveríamos ser.
O que o fracasso realmente significa?
Aqui está um ponto interessante: fracassar não é sinônimo de ser fracassado. Isso é importante de lembrar. O fracasso, muitas vezes, é apenas um momento em que as coisas não saíram como esperávamos, e isso faz parte do processo de aprender e crescer. O problema é que, muitas vezes, confundimos o fracasso momentâneo com uma identidade de fracassado, o que nos leva a sentir vergonha, culpa e até desesperança.
Na psicanálise, esse movimento de associar o fracasso a quem somos pode estar ligado à nossa história de vida e à maneira como fomos ensinados a lidar com nossos erros. Em vez de enxergarmos o fracasso como uma oportunidade de aprender, muitas vezes o vemos como uma falha pessoal profunda. Isso pode nos travar, nos impedir de tentar novamente e de ver novas possibilidades.
E agora, o que fazer com o fracasso?
Depois de passar pela frustração inicial, é hora de mudar a perspectiva. Lidar com o fracasso começa com o reconhecimento de que ele faz parte da vida e que todos nós, em algum momento, enfrentamos quedas. Aqui vão algumas ideias sobre como encarar o fracasso de forma mais saudável:
Reflita sobre o que deu errado, mas sem se culpar
É importante entender o que aconteceu, mas sem cair na armadilha de ficar se martirizando. O fracasso não precisa ser visto como o fim da linha, e sim como uma chance de avaliar o que pode ser feito de forma diferente da próxima vez.
Permita-se sentir, mas não ficar preso nisso
Sim, o fracasso dói. E tá tudo bem sentir tristeza, frustração ou até raiva. O problema é quando esses sentimentos se prolongam por muito tempo e nos paralisam. Permita-se sentir, mas depois comece a se movimentar em direção a uma nova tentativa ou a uma nova perspectiva.
Revise suas expectativas
Será que você está colocando expectativas muito altas sobre si mesmo? Às vezes, estamos nos cobrando demais, seja por pressões externas ou por padrões internos que não fazem mais sentido. Tentar entender de onde vem essa cobrança pode ajudar a enxergar o fracasso de forma menos rígida.
Fracasso como aprendizado
Pode parecer clichê, mas é verdade: o fracasso ensina. Na psicanálise, olhamos para o erro como uma forma de autoconhecimento. O que essa situação está te ensinando sobre você, suas limitações e seus desejos? O fracasso pode ser uma oportunidade de entender melhor quem você é.
O fracasso como parte da jornada

Fracassar é doloroso, sim, mas não é um sinal de que você está no caminho errado. Muitas vezes, os erros e tropeços fazem parte do processo de nos tornarmos quem realmente somos. A psicanálise nos convida a olhar para o fracasso com menos julgamento e mais curiosidade: o que esse momento está revelando sobre o que realmente importa para você?
Se você se sente preso na ideia de que o fracasso define quem você é, pode ser hora de buscar um espaço para refletir sobre essas questões com alguém que te ajude a enxergar além dessa sensação.
Que tal conversar com um psicólogo para explorar o que está por trás desse sentimento e encontrar novas formas de lidar com ele? O fracasso pode ser o início de uma transformação, e não o fim de uma história.
Fracassar faz parte da vida, mas isso não precisa definir quem você é.




Comentários